quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O Sangha Rimay Lusófono irá realizar um pequeno curso de "Introdução à Vida do Buddha" que se inicia na próxima sexta-feira dia 20.
O curso é formado por três sessões de 2h30 com as seguintes temáticas:

  1. Contextualização histórica da Via do Buddha;
  2. De duhkha a sarana: o caminho;
  3. Dharma: o ensinamento.
Cada sessão terá momentos de exposição, diálogo e prática da meditação.
O curso decorrerá na sede do Sangha Rimay Lusófono — R. Maria, n.º 15 - Lisboa  (metro: Anjos) com o seguinte horário:
  1. 20.jan das 18h30 às 21h00;
  2. 21.jan das 10h30 às 13h00;
  3. 22.jan das 10h30 às 13h00.
A participação no Curso é gratuita; no entanto o SRL pede que faças uma doação, de acordo com as tuas possibilidades, para que possamos continuar a promover este tipo de iniciativas.

Aparece e trás um amigo.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Yongey Mingyur Rinpoche

Carta de Yongey Mingyur Rinpoche aquando da sua entrada em retiro

No início de Junho de 2011, Yongey Mingyur Rinpoche abandonou o seu mosteiro em Bodhgaya, na Índia, para iniciar um longo período de retiro em solidão. Ele saiu do mosteiro a meio da noite e sem levar consigo qualquer dinheiro ou posses, apenas as roupas que tinha vestidas. Mingyur Rinpoche escreveu esta carta pouco antes de partir para o seu retiro.

"Caros amigos, estudantes e colegas meditadores,

Quando estiverem a ler esta carta, eu já terei começado o longo retiro que anunciei o ano passado. Como poderão saber, eu sempre senti uma forte proximidade com a tradição do retiro, desde o tempo em que era uma criança a crescer nos Himalaias. Apesar de eu não saber como meditar, frequentemente fugia de minha casa para uma gruta que existia perto, onde eu me sentava tranquilamente e recitava o mantra “om mani peme hung” repetidamente na minha mente. O meu amor pelas montanhas e pela simples vida de um meditador nómada já na altura me era apelativo.

Só quando eu estava no início da minha adolescência tive a primeira oportunidade de fazer um retiro formal. Até essa altura eu vivia em Nagi Gompa, uma pequena vila perto de Kathmandu. Foi lá que o meu pai, Tulku Urgyen Rinpoche, me ensinou a meditar pela primeira vez. Depois de treinar com ele durante alguns anos, ouvi falar de um tradicional retiro de 3 anos que iria começar em Sherab Ling, o mosteiro de Kenting Tai Situ Rinpoche, na Índia.

Apesar de eu na altura apenas ter 11 anos, supliquei ao meu pai que me deixasse participar no retiro. Ele ficou contente por ver o meu entusiasmo, porque ele próprio tinha estado em retiro durante mais de 20 anos, ao longo da sua vida. Quando nós discutimos a ideia de eu próprio entrar num retiro severo, tradicional, ele contou-me a história do grande sábio Milarepa e de quão importante tinha sido o seu exemplo para gerações de meditadores Budistas Tibetanos.

O início da vida de Milarepa foi preenchido por bastante miséria e dificuldades. Contudo, apesar de todo o mau karma que ele criou enquanto jovem, ele eventualmente foi capaz de ultrapassar o seu negro passado e atingir o Despertar, enquanto vivia em grutas isoladas no interior das montanhas… Uma vez Desperto, Milarepa achou que não havia mais qualquer razão para ele ficar isolado. Ele decidiu então descer até às zonas mais populosas onde pensava ajudar directamente a aliviar o sofrimento dos outros. Certa noite, não muito depois de ele ter decidido partir, Milarepa teve um sonho sobre o seu Mestre Marpa. Nesse sonho, Marpa encorajou-o a permanecer em retiro, dizendo que através do seu exemplo, ele tocaria a vida de muitas pessoas.

Depois de me ter contado a notável vida de Milarepa, o meu pai disse: “A profecia de Marpa eventualmente concretizou-se. Apesar de Milarepa ter passado a maioria da sua vida em grutas remotas, milhões de pessoas sentiram-se inspiradas pelo seu exemplo ao longo dos séculos. Ao demonstrar a importância de praticar em retiro, ele influenciou toda a tradição do Budismo Tibetano. Milhares e milhares de meditadores manifestaram qualidades do Despertar por causa da sua dedicação.“

Alguns anos mais tarde, durante o meu primeiro retiro de 3 anos, eu tive a sorte de estudar com um outro grande Mestre, Saljey Rinpoche. A meio do terceiro ano, eu e mais alguns colegas do retiro questionamos o Rinpoche, pedindo o seu aconselhamento. Tinhamos retirado imensos benefícios do retiro e perguntavamos-lhe agora como podiamos ajudar a manter esta preciosa linhagem.

“Pratiquem!” respondeu Saljey Rinpoche, “Eu estive em retiro quase metade da minha vida. Esta é uma forma genuína de ajudar os outros. Se vocês pretendem preservar a linhagem, transformem as vossas mentes. Não encontrarão a linhagem genuína em mais sítio nenhum.“

Os ensinamentos e o exemplo tanto do meu pai, como de Saljey Rinpoche, inspiraram-me profundamente. Esta inspiração, acompanhada do meu desejo natural de praticar em retiro, tem sido uma orientação constante ao longo da minha vida.

Quando o meu primeiro retiro formal terminou, Saljey Rinpoche faleceu e Tai Situ Rinpoche pediu-me para tomar o seu lugar enquanto Mestre do Retiro. Eu aceitei o meu novo papel e desde então tenho liderado retiros e ensinado meditação ao longo dos últimos 20 anos. Em particular, nos últimos 10 anos, passei uma grande parte do meu tempo a viajar pelo mundo a ensinar. Estive em mais de 30 países, a partilhar a minha experiência de ultrapassar os ataques de pânico que experienciei enquanto criança, e a passar os ensinamentos que os meus Mestres me haviam também passado. Ao longo dos anos, vi a verdade nas palavras do meu pai e de Saljey Rinpoche. Como ambos me ensinaram, a experiência ganha em retiro pode ser uma ferramenta importantíssima para ajudar os outros.

Durante a minha juventude, eu tive formação de diferentes tipos. O tempo passado com o meu pai envolveu um treino meditativo severo, mas eu não estava em retiro rigoroso, no sentido em que estava com outras pessoas e podia entrar e sair livremente. O meu retiro de 3 anos no mosteiro de Sherab Ling pelo contrário, foi em completo isolamento. Um pequeno grupo vivia isolado e não teve qualquer contacto com o mundo exterior até ao fim do retiro. Estas são duas formas de prática, mas não são as únicas… Como demonstrado pelo grande yogi Milarepa, existe também a tradição de ir livremente de local em local, ficando em grutas remotas e sítios sagrados sem planos e sem agenda fixa, apenas num constante compromisso com o caminho do Despertar. E é este tipo de retiro que irei praticar ao longo dos próximos anos.

Esta tradição não é muito comum na actualidade. O meu terceiro Mestre, Dzogchen yogi Nyoshul Khen Rinpoche, foi um dos poucos Mestres a praticá-lo recentemente. Khen Rinpoche praticou em retiros isolados quando era mais novo e mais tarde seguiu também a via do yogi nómada. Ele abandonou completamente a sua vida e actividades “normais”. Ninguém sabia onde ele estava ou o que estava a fazer. Ele passou tempo meditando em grutas isoladas e noutros locais onde os grandes Mestres do passado, como Milarepa e Longchenpa também praticaram e a dada altura, ele até viveu entre os sadhus Hindus da Índia. A sua história é o exemplo perfeito de um yogi moderno.

Mais recentemente, Tai Situ Rinpoche, o último dos meus principais Mestres, falou de meditar em retiros na montanha durante um ensinamento que ele deu em 2009. Durante 4 meses, Rinpoche passou a linhagem de um importante texto de meditação chamado “O Oceano do Significado Definitivo”. Este é um dos principais manuais de meditação usado pelos meditadores da linhagem Kagyu. Eu menciono aqui os meus Mestres porque a sua compaixão e sabedoria alimentou o meu desejo de fazer do retiro um ponto essencial da minha vida. O meu pai e Saljey Rinpoche encorajaram e suportaram as minhas primeiras experiências em retiro, enquanto Nyoshul Khen Rinpoche e Tai Situ Rinpoche me inspiraram a embarcar na viagem do yogi nómada. Como uma pequena borboleta no meio da luz do sol, nunca me compararei aos meus Mestres, mas sem o seu exemplo e inspiração, eu nunca teria seguido este caminho.

Poderão pensar que enquanto eu estiver em retiro, não poderemos estar ligados entre nós. Claro, não nos poderemos ver durante uns anos, mas não se esqueçam que a nossa relação existe através do Dharma. Não é simplesmente vermos os nossos professores, ou ouvi-los, que cria uma relação espiritual. É quando tomamos os ensinamentos que recebemos e os trazemos para a nossa experiência que um laço indestrutível é criado. Quanto mais praticamos, mais forte este laço com os nossos professores se torna.

Três dos meus quatro mais importantes Mestres já não estão entre nós. De vez em quando, lembro-me de como era estar com eles e ouvi-los. Lembro-me como eles eram alegres e leves, e como se comportavam com tal dignidade e liberdade. Estas memórias fazem-me um pouco triste, mas quando me lembro do que eles me ensinaram e quando deixo a sua sabedoria preencher o meu ser, consigo sentir a sua presença em qualquer local e em qualquer tempo. Portanto, apesar de vocês e eu podermos estar fisicamente separados ao longo dos próximos anos, através da nossa prática estaremos sempre juntos.

Sinto um grande sentimento de carinho e amor quando penso em todos vocês, como se todos pertencemos a uma grande família. Portanto não se preocupem, eu não estou a ter uma crise de meia idade! Eu não vou estar em retiro por estar farto de viajar ou cansado de ensinar. Na realidade, é exactamente o oposto. Durante este tempo, a nossa prática vai-nos aproximar.

Existem tempos na nossa vida em que nos focamos em aprender e em estudar, e outros em que pegamos no que aprendemos e o trazemos profundamente para a nossa experiência. Estes são processos porque cada um de nós passa individualmente, mas ter o suporte de uma comunidade pode ser uma grande ajuda, enquanto percorremos o nosso caminho. Tem sido maravilhoso ver quantos de vocês se têm reunido ao longo dos últimos anos para ajudar a criar e dar forma à nossa crescente comunidade. Apesar de eu ter ajudado a comunidade a formar-se através dos meus ensinamentos, a comunidade em si é vossa. Existe para vos apoiar no caminho para o Despertar, e será o vosso empenho e apoio que irá propiciar o crescimento e desenvolvimento dessa comunidade nos próximos anos. Receber apoio e orientação da comunidade, e dar algo de volta de qualquer forma que possam, é uma parte integrante da viagem.

Para vos ajudar a continuar a percorrer este caminho, preparei muitos ensinamentos ao longo dos últimos anos, que irão ser entregues por emanações minhas. Estas emanações irão aparecer magicamente em praticamente qualquer sítio e irão ensinar-vos o que vocês precisam para que possam aprofundar a vossa prática. De que é que eu estou a falar? De tecnologia moderna, claro! Nós gravamos centenas de horas de ensinamentos sobre um conjunto vasto de tópicos, e estes ensinamentos irão ser disponibilizados ao longo dos próximos anos. Alguns serão usados para cursos e seminários online, outros serão disponibilizados nos centros e grupos Tergar, e alguns estarão disponíveis livremente online. Num certo sentido, as minhas emanações em formato vídeo serão melhores do que eu. Não terão de as alimentar nem de as alojar num hotel. Elas esperarão pacientemente até que vocês estejam prontos. E mais importante, elas não se sentiram mal se vocês se entediarem e as desligarem!

Não pensem no entanto que o vosso leitor de DVD será o vosso novo guru. Os ensinamentos gravados nunca poderão tomar o lugar da transmissão directa de professor para aluno. O que pretendo dizer é que existirão muitas oportunidades para estudar e praticar, especialmente para aqueles de vocês que estão a seguir os programas “Joy of Living” e “Path of Liberation“. Existem lamas fantásticos com quem poderão estudar, incluindo SS o Karmapa, Orgyen Trinley Dorje e o meu Mestre Tai Situ Rinpoche. O meu irmão, Tsoknyi Rinpoche, é também um excelente professor e ele concordou em liderar a Comunidade Tergar durante a minha ausência. Finalmente, temos também os nossos próprios lamas Tergar que liderarão os retiros e workshops em todo o mundo. Aliás, tanta coisa irá acontecer, que vocês nem darão pela minha falta!

Ao me despedir, gostaria apenas de vos dar um pequeno conselho para que guardem nos vossos corações. Podem já me ter ouvido dizer isto antes, mas este é o ponto essencial de todo o nosso caminho, por isso vale a pena repetir: Tudo aquilo que procuramos na nossa vida – toda a felicidade, contentamento e paz de espírito – está exactamente aqui, no momento presente. A nossa própria consciência é ela própria fundamentalmente pura e boa. O único problema é que nós ficamos tão envolvidos nos altos e baixos da nossa vida que não tiramos sequer um momento para pausar e notar tudo aquilo que já temos.

Não se esqueçam de deixar espaço na vossa vida para reconhecer a riqueza da vossa natureza básica, para ver a pureza que existe em vocês e deixar as qualidades inatas do amor, da compaixão e da sabedoria emergirem naturalmente. Acarinhem este reconhecimento como fariam com uma pequena semente. Deixem-no crescer e florescer.

A maioria de vocês perguntou gentilmente como é que poderia apoiar o meu retiro. A minha resposta é simples: mantenham este ensinamento no centro das vossas práticas. Onde quer que estejam e independentemente do que estiverem a fazer, pausem ocasionalmente para relaxarem a vossa mente. Não têm de mudar nada na vossa experiência. Podem deixar os vossos pensamentos e sentimentos ir e vir naturalmente, e deixarem os vossos sentidos bem abertos. Tornem-se amigos da vossa experiência e tentem notar a consciência que está em vocês, em todos os momentos. Tudo o que sempre desejaram está exactamente aqui neste momento de consciência.

Manter-vos-ei no meu coração e nas minhas orações.

Vosso no Dharma,

Yongey Mingyur Rinpoche"

Source: http://umcaminhoparaatransformacaodamente.wordpress.com/

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Cursos de Introdução ao Budismo _UBP

Cursos de Introdução ao Budismo
na UBP, à terça-feira das 20h30 às 21h30 (depois da prática semanal)

17 Janeiro a 27 Abril | Compreender o Caminho

Os cursos de introdução ao budismo são no total três módulos, sendo o seu objectivo global facilitar a compreensão e experiência de um caminho de transformação segundo os ensinamentos de Buda. A abordagem fundamenta-se na tradição Theravada, tendo como referência o Tipitaka (o registo mais antigo de ensinamentos).

Compreender o Caminho: uma visão global do caminho que visa a integração dos oito factores essenciais para uma prática espiritual verdadeiramente efectiva.

Compreender o "Eu": a compreensão apropriada daquilo a que chamamos "Eu" é um aspecto incontornável do processo de auto-conhecimento. Este curso faz uma introdução à análise da construção do "Eu" segundo os "cinco agregados" da psicologia budista.

Compreender a Interdependência: a perspectiva budista da realidade revela a interdependência como factor determinante na origem de todos os fenómenos. Esta noção, também conhecida como paticca samupada ou origem dependente, é fundamental para a compreensão da realidade e central nos ensinamentos de Buda.

Estes cursos não são necessariamente sequenciais, podendo ser frequentados em qualquer ordem.

orientação
Sagarapriya tem, ao longo de quase duas décadas, praticado com mestres de várias tradições budistas, tanto no Ocidente como na Ásia. Nos últimos dez anos tem ensinado extensivamente budismo e meditação e alargado a sua formação em "Mindfulness", "Focusing" e mais recentemente em "Comunicação Não-violenta". Sagarapriya faz parte da direcção da União Budista Portuguesa.

informações e inscrições
donativos: nestes cursos adopta-se o sistema de Dana. Na tradição de Buda, os ensinamentos são vistos como tendo um valor inestimável, por isso, são oferecidos. Dana, generosidade, é a base desta tradição: os professores dão o seu tempo e conhecimento; os participantes, por sua vez, oferecem donativos para que os professores possam ter meios para continuar a dádiva de partilhar os ensinamentos.

reserva :

querendo reservar o seu lugar, por favor, ligue para a UBP, tel: 213 634 363.

local:

União Budista Portuguesa
Av. 5 de Outubro nº 122, 8º esq.
1050-061 Lisboa
autocarros: 21, 36, 44,49, 54, 56, 83, 727, 732, 738,745
metro: Campo Pequeno

levar:

por favor traga roupa confortável e, uma vez que estará sem sapatos, pode querer levar meias. Temos vestiários e todo o material necessário para a prática.

UBP JANEIRO

AGENDA DE JANEIRO:

ZEN SHIATSU O TOQUE TERAPÊUTICO
SÁBADO E DOMINGO, 14 E 15 DE JANEIRO - 10h às13h – 15h às 18h
Luísa Martins Borges

 CURSO DE INTRODUÇÃO À FILOSOFIA E À CULTURA BUDISTA
2011-2012 ( ver mais)
SÁBADOS, 7 E 21 DE JANEIRO - 15h - 19h
Vários orientadores

BREATHWORKS- CURSO DE MINDFULNESS:
Viver bem com o stress
De 21 DE JANEIRO A 10 DE MARÇO
Local: U.B.P.
João Palma

http://www.uniaobudista.pt/homepage.php
5 Outubro
Lisboa 1170

KRF Portugal janeiro

Caros Amigos,
Tel: 21 774 25 39
Atendimento ao público de 2a. a 6a., das 09.30 às 13.30
 
Vimos por este meio informar acerca da sessão de prática conjunta, em Janeiro.
  • 18 Janeiro (quarta-feira): Dakinis

A sessão terá início às 19h00, em Benfica.


Às terças e quintas-feiras (19h30) decorrem as habituais sessões de prática.

Em caso de qualquer dúvida, ou para inscrição nas sessões de prática semanais, por favor contactem-nos.
A contribuição mensal referente a uma sessão semanal são 35 eur / 45 eur para duas sessões semanais e poderá ser realizada na Fundação, na primeira terça-feira / quinta-feira de cada mês. Obrigada.

Saudações amigas e um Bom Ano !
Fundação Kangyur Rinpoche

domingo, 8 de janeiro de 2012

tudo nos ensina_Everything is Teaching us – A Collection of Teachings by Venerable Ajahn Chah : HolyBooks.com – download free ebooks

A OFERENDA DO DARMA É A MAIS PRECIOSA. ASSIM TODOS OS LIVROS NA TRADIÇÃO THERAVADA SÃO GRATUITOS. ESTE SITE EM INGLÊS PERMITE O ACESSO ALGUNS DELES. NESTE LIVRO ENSINA-SE O ALUNO ABRIR OS OLHOS E.....COMEÇAR O CAMINHO.

A great thing about the Theravada tradition is that all books are given away for free. As they say: “The gift of Dhamma surpasses all other gifts.” This also goes for this work “Everything is Teaching us – A Collection of Teachings by Venerable Ajahn Chah”. Here Ajahn Chah stresses the importance of not solely associating the path with the traditional methods like monastic life, meditation and following the guidelines from the scriptures.

In this book he teaches his students to open their eyes and become students of everything. Great stuff, get it here:

Everything is Teaching Us



Everything is Teaching us – A Collection of Teachings by Venerable Ajahn Chah : HolyBooks.com – download free ebooks

o pai de Dzongsar Khyentse Rinpoche, faleceu no dia 27 de dezembro de 2011.

Mensagem de Dzongsar Khyentse Rinpoche

31 de dezembro de 2011

Dungsey Thinley Norbu Rinpoche, o pai de Dzongsar Khyentse Rinpoche, faleceu no dia 27 de dezembro de 2011.  Transcrevemos abaixo a carta que Khyentse Rinpoche escreveu para a sanga, com recomendações de como ver a passagem de um grande iogue.  Thinley Norbu Rinpoche nasceu no Tibete, como o filho mais velho de Dudjom Rinpoche.  Ele foi um grande poeta e autor de importantes textos como A Small Golden Key, Magic Dance, White Sail e A Cascading Waterfall of Nectar.

Agradeço a todos por seus sentimentos e melhores votos, neste momento.

Vivemos em um mundo que nós mesmos criamos, um mundo montado a partir das nossas percepções pessoais, no qual acreditamos por inteiro:  todos os anos, todos os dias, todas as horas, todos os momentos da nossa vida.

Embora esta vida na realidade seja fugaz, durando não mais do que o saltar de uma fagulha, ela é vivenciada por alguns como interminável, arrastando-se por eras e eras.  Já para outros, a experiência deste mundo dura menos que um piscar de olhos, embora na realidade este mundo exista por um tempo infinito.

Para alguns, este mundo não é maior do que o buraco de um caruncho; no entanto, eles se sentem insignificantes e isolados, perdidos em um vazio vasto e sem fim.  Outros percebem o mundo como pequeno − tão pequeno quanto um universo inteiro − e se sentem desconfortavelmente confinados e claustrofóbicos.

A maioria de nós − e aqui eu me incluo − fomos condicionados a viver e morrer em um mundo criado por nossas próprias percepções; e mais, continuamos a criar condições que asseguram que repetiremos o mesmo jogo, vez após vez.

Dentro uma infinidade de possíveis percepções, Thinley Norbu Rinpoche é visto por alguns como uma pessoa comum, por outros como um pai, um professor, um ser perfeito − diferentes percepções determinadas pelo mérito (ou falta de mérito) de quem percebe.

Para pessoas como eu, cuja limitação me leva a vê-lo apenas como meu pai, as condolências manifestadas por vocês são aceitas como apoio emocional.

Para aqueles dotados de “qualidades superiores” − ou que aspiram desenvolver essas qualidades − e que conseguem enxergar Thinley Norbu como um ser perfeito, esta é mais uma oportunidade para pôr de lado percepção não-pura e gerar percepção pura, para que se possa ao final passar adiante de toda percepção.

A “consciência” ou “estado desperto” é a essência dos ensinamentos de Buda − desde a consciência do ar fresco que entra e sai por nossas narinas, até a profunda consciência da natural perfeição.  E em sua compaixão e coragem incomensuráveis, o único propósito e atividade de todos os budas é tocar o sino que nos alerta e nos conduz para essa consciência desperta.

Para os que têm mérito suficiente, a passagem deste grande ser pode ser interpretada como o soar desse sino de alerta, e uma recordação oportuna de todos os ensinamentos − desde a simples verdade da impermanência até a realização da compaixão ilimitada.  Sob esse ângulo, na mesma medida em que a nossa mente obscurecida apreciou e valorizou o aparecimento de Thinley Norbu neste mundo, cabe a ela, agora, apreciar e valorizar o desaparecimento dele.

Ainda que seja tocante saber daqueles que estão a oferecer preces, recitações, lamparinas e tantas outras atividades benéficas nesta ocasião, permitam-me lembrar, a mim mesmo e a todos os interessados, que nenhuma dessas práticas que estamos fazendo são para ele; antes, são para nós mesmos.

Por mais cintilante que seja a lua ao aparecer no céu, seu reflexo não será visto, se as águas do lago estiverem turvas.  Igualmente, é por meio da purificação dos obscurecimentos e da acumulação de méritos em nossa própria mente que conseguiremos, com o tempo, perceber o reflexo de Buda − intacto, completo, nunca afastado.

Então, melhor do que nos congratularmos com o pensamento de que estamos acumulando todas estas práticas nesta ocasião especial, é termos presente que nós já as deveríamos estar fazendo − e que deveremos continuar a fazê-las por toda esta vida, e também ao longo de todas as nossas vidas futuras.  Se imaginarmos, porém, que nossa prática é algo como proporcionar “ritos de passagem” a este grande ser, definitivamente esse não é o melhor caminho a seguir.

Foi-me perguntado que práticas específicas deveriam ser feitas.  Repito, uma vez mais, que nossa prática é a vigilância, ou seja, o “estado desperto”.  Somos seres ignorantes, o que quer dizer que precisamos de constantes lembretes da importância de nos esforçarmos para pousar nessa consciência desperta.  Portanto, todas as atividades do nosso guru − desde quando ele boceja ou tosse, até quando ele aparece ou desaparece − são modos que ele tem nos lembrar de voltarmos para o estado desperto, vez após vez.

E, se estivermos conscientes e despertos, não há prática que seja melhor, nem prática que seja pior.

Escrito e dedicado à iluminação de todos os seres sencientes, na presença do rupakaya de Thinley Norbu.

Nova York.

Publicado originalmente em inglês no site da Khyentse Foundation. Traduzido do inglês para o português por Manoel Vidal.